sábado, 20 de fevereiro de 2016

UM ASSALTO SE TRANSFORMOU EM HISTÓRIA DO BEM


O ano era 2010. Cássia Cristiane acompanhava sua filha mais velha em procedimentos de pré-natal, de gravidez de risco e teve que pernoitar ao ar livre, em um pátio do Hospital do IMIP. Durante a madrugada, ao pestanejar, foi surpreendida por um assalto a mão armada. O prejuízo foi um celular simples e um trocado. A humilhação, a memória do esbulho, entretanto, jamais foi esquecida.
Assim como ocorreu com ela, acontece, quase todos os dias, nas cercanias das unidades hospitalares de saúde de nossas capitais. Ficou, ao lado da marca traumática, o desejo de mudar, de fazer alguma diferença.
Oriunda e, então, moradora das terras agrestes de Taquaritinga do Norte, logo depois, teve a oportunidade de administrar uma casa de apoio pertencente à municipalidade de lá do seu lugar.
Começou assim, a aprender a lidar com o drama humano de milhares de pessoas do interior, que vêm à capital para “tratamento fora de domicílio”, o famoso “TFD”. Por dois anos, praticou uma verdadeira militância pelo atendimento e amparo hospitaleiro aos pacientes e acompanhantes de seu município. Dotada de espírito indômito, com o tempo, passou a se sentir cerceada na amplitude de seu desejo de acolher toda aquela gente sofrida, que assistimos vagar pelas calçadas, nas ruas e praças adjacentes aos hospitais públicos, pincipalmente, aqueles de referência.
O conflito entre a vocação altruística e os limites e distorções de uma burocracia insensível aos seus apelos por uma prática mais eficaz da ação social, acabaram por levar a sua demissão. Todavia, este fato seria o gatilho para um novo empreendimento social.
Assim, em 12 de janeiro deste ano de 2015, passou a existir, concretamente, a “Casa de Apoio ACOLHER COM AFETO”, resultado do esforço conjunto, fortalecido por amigos e familiares, que tomou forma com a presença de Marcelo Cavalcanti, seu companheiro e antigo militante de causas sociais, que, resolutamente, assumiu a eu lado, a frente executiva da nova entidade.
A partir daí, um novo cenário passou a se descortinar. Sem os limites municipalistas, a nova Casa abriu horizontes e já contabiliza o atendimento a pacientes de mais de 50 cidades, das quais, 44 de Pernambuco. A média de atendimento mensal atinge a marca de cerca de 200 pessoas. Não há limitação de horário. A “Casa de Apoio ACOLHER COM AFETO” trabalha “full time”.
Porém, tudo isto se mostrou insuficiente. Acolher, oferecer uma refeição, um lugar para repousar é importantíssimo, mas, não é tudo. Em agosto, foi firmada uma parceria com o grupo “Partilhar” e semanalmente, alguns pacientes e acompanhantes vão até a sede deste grupo e participam de uma tarde de terapia ocupacional, com assistência pessoal realizada por psicólogas experientes. Também, nas quartas feiras, pela manhã, uma psicóloga visita a sede da Casa de Apoio e passa horas de convívio participante, sendo bastante solicitada e querida. pelos presentes na Casa. Ainda, realizamos, de modo eventual, passeios lúdicos, com a finalidade de elevar o ânimo e o humor dos acolhidos.
Muitas dessas conquistas foram alcançadas através da inclusão da instituição na plataforma do “Transforma Recife”. A partir desta inserção, multiplicaram-se os voluntários e amigos da missão, possibilitando uma abertura do leque de ações da entidade.
Atualmente, diversas campanhas estão em curso para melhorar e ampliar nosso atendimento. Muitos desses projetos são possíveis graças ao uso da plataforma de convite ao voluntariado.
Queremos melhorar e aumentar o atendimento aos nossos acolhidos. Precisamos desde colchões, material de limpeza e cestas básicas, a reparos na sede. São inúmeros itens de que a Casa de Apoio carece.
Estamos em plena crise econômica, contudo, envolvidos, dispostos, buscando os meios de superação das dificuldades, aparentemente, conjunturais, acreditando no valor do amor “caritas”, na importância da prática da assistência social, na eficácia da filantropia como ferramenta de construção democrática, de ação solidária efetiva, sem os delírios, supostamente, utópicos, que levam a perversões sociais desumanizantes.
Costumamos reafirmar a frase da Presidente, Cássia Cristiane de que, “se não amarmos ao próximo, a quem vemos, como amaremos a Deus a Quem não vemos?” ... E assim, caminhamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário